1.
IGREJA MISSIONAL
1.1
O que é uma igreja missional
O
termo missional tem sido amplamente usado no meio cristão atual, termo esse
encontrado em literaturas cristãs, blogs cristãos, e tem até sido utilizado
como nome para grandes conferências, ou seja, a palavra missional tem se
tornado cada vez mais familiar à nossa cultura cristã evangélica.
Contudo,
de onde surgiu e quando surgiu pela primeira vez esse termo missional. “A
palavra missional foi usada pela primeira vez, com a conotação que temos hoje,
em 1983, por Francis DuBose. (1983 apud COSTA, 2014, p. 21).
Uma
igreja missional é aquela que entende que o evangelho de Jesus Cristo é a
mensagem atual para todos os tempos em que a humanidade transita, a igreja
missional é uma igreja que aplica as verdades da velha mensagem da cruz com uma
nova roupagem de proclamação como respostas para uma sociedade cética e
secularizada.
Ser
uma igreja missional é entender que quando a velha mensagem da cruz é
substituída por qualquer outro tipo de mensagem ela deixa de ser missional,
pois, ser missional nada mais é que pregar o Cristo crucificado como fazia o
apostolo Paulo pelas dezenas de cidades que passou.
Costa
(2014, p. 21) entende que a palavra missional é um termo mais elaborado e
contextualizado para a palavra missionário, ser uma igreja missional é ser uma
igreja em essência missionária, uma igreja missional é uma igreja que faz a
missão porque fez dela um estilo de vida.
Quando
os membros de uma igreja compreendem seu propósito de vida como continuação da missio dei, eles passarão a viver o
evangelho de forma integral, de maneira diária, e assim o evangelho será
propagado e o nome de Cristo glorificado.
“A palavra missional é entendida de modo
diferente quando é usada para descrever a natureza da igreja. Na sua melhor
definição missional descreve não uma atividade especifica da igreja, mas a
própria essência e identidade da igreja”. (GOHEEN, 2014, p. 20).
Então,
uma igreja missional não é aquela que apenas realiza uma função evangelística
ou cumpre eventos missionários da sua denominação em dias específicos e
pré-determinados, o entendimento do termo missional vai além da ordenança da
evangelização ou do cumprimento burocrático de um departamento.
Uma
igreja missional é a que tem em sua essência o kerigma do evangelho de Jesus Cristo, sendo essa proclamação um
estilo de vida, o cristão que entende seu propósito como um discípulo de Jesus
viverá uma vida missional em todos os lugares que estiver. Conforme ensina Goheen (2014, p. 21) “[...] descrever
uma igreja como missional significa definir a comunidade cristã inteira como um
corpo enviado ao mundo e que existe não para si mesmo, mas para levar as
boas-novas ao mundo”.
1.2
A igreja missional e a cultura
Entendido
que uma igreja missional é aquela que vive diariamente o evangelho nas ações e
em suas palavras independente do local em que se encontra, temos que refletir
na missionalidade da igreja como forma de criticidade em nosso cenário
cultural.
Uma
igreja missional local é uma parte do corpo de Cristo que responde à luz das
sagradas escrituras as perguntas que emanam dos clamores da sociedade em que
está inserida. “A igreja é chamada a ser uma participante crítica em seu
cenário cultural” (GOHEEN, 2014, p.21).
Esse
envolvimento da igreja nas esferas culturais é de suma importância para uma
igreja missional, porque esse envolvimento na sociedade é o que chamamos de ser
encarnacional, a exemplo de Jesus Cristo em sua encarnação como o verbo da vida
em nosso mundo terreno. (STETZER, 2015, p.2012).
Então,
missionalidade e encarnacionalidade são termos que devem caminhar juntos na
proclamação da mensagem da cruz, missional quanto ao kerigma diário da velha mensagem da cruz em uma nova roupagem e
encarnacional no aspecto mais profundo do envolvimento nos mais diversos
cenários sociais.
Nesse
sentido Stetzer afirma que:
A igreja missional é encarnacional, e não
atracional, em sua eclesiologia. Por encarnacional queremos dizer que ela não
cria espaços santificados para os quais o não crente deve vir para ter um
encontro com o evangelho. Pelo contrário, a igreja missional se antodesmonta e
penetra pelas fissuras e fendas da sociedade para ser Cristo para aqueles que
ainda não o conhecem. (2015, p.212).
Neste estágio do capitulo devemos ter em mente
que ser uma igreja missional é viver em seu dia-a-dia a prática da pregação do
evangelho, não de forma superficial, mas de maneira encarnacional, ou seja, por
meio de relacionamentos e amizades. É ser literalmente, a partir do evangelho,
resposta aos que vivem nas tenebrosas duvidas existenciais.
A
igreja missional não cria elementos santos para que incrédulos se acheguem a
eles, antes vai ao encontro desses para por meio da vida diária proclamar o
evangelho diário que certamente penetrará o coração, e será resposta para o
desespero que a depravação criou.
A
plantação de igrejas missionais tem crescido fortemente no Brasil. De tempos em
tempos, igrejas surgem com a intensão de serem missionais, e isso é graça de
Deus.
Ed. Stetzer (2015, p.
15) diz que “estabelecer uma igreja missional significa plantar uma igreja que
faz parte da cultura que você quer alcançar”. Isso quer dizer que a plantação
de igrejas missionais apenas será de fato missional quando essas igrejas
encarnarem na cultura local. Logo, uma igreja que se intitula missional, não
pode viver alienada à cultura e aos temas em voga.
Não
poderia terminar este capitulo sem antes entrar no assunto da vida diária
pautado por um evangelho integral. Se de fato desejamos ser uma igreja
missional temos que fazer uma leitura mais cirúrgica da vida de Jesus na terra.
Ao
estudarmos os evangelhos percebermos uma integralidade na vida de Jesus, uma
conexão entre teoria e prática, fala e ação, ortodoxia e ortopraxia,
ou seja, na vida de Jesus vemos uma forma missional e encarnacional na
proclamação das boas novas.
Uma
igreja missional é uma igreja que se importa primordialmente com conversões, ou
seja, incrédulos sendo resgatados pelo poderoso evangelho de Jesus Cristo e sua
obra de redenção na cruz.
Em
nosso contexto pós-moderno o relacionamento e a amizade tem sido uma arma
poderosa para anunciar a Cristo.
No
aspecto missional e encarnacional de uma plantação não podemos nos iludir com
os números. Igrejas missionais preocupam-se com o crescimento por meio de
conversões e não por meio de transferências, não que isso seja ruim, mas
igrejas missionais tem como principal objetivo alcançar novos corações para
Cristo.
Chester
e Timmis (2013, p. 08) afirmam no livro Igreja Diária que: “Algumas igrejas
predominantes crescem, mas muito desse crescimento é fruto de transferência e
não de novas conversões”.
Jesus
foi o maior exemplo da prática missional, por onde passava, ele sempre
encontrava um campo para a pregação das boas novas. Cristo encarnou-se na
sociedade e pregou a todos os tipos de pessoas.
Cristo viveu integralmente a proclamação do
evangelho, ele estava nos campos, nos bosques, nas praças, pregava em barcos,
debaixo de árvores, anunciava o reino por meio de relacionamentos quando se
assentava à mesa no partilhar das refeições.
O
que uma igreja missional faz? Ela encontra as pessoas no contexto da vida
diária. “Quando chamamos a igreja a uma missão diária, reconhecemos que isso é
o que muitos cristãos já tem feito: sendo bons vizinhos, colegas, membros de
família, fazendo o bem diante da hostilidade, testemunhando de Cristo no
contexto da vida diária.” (CHESTER; TIMMIS, 2013, p. 09).
Igrejas
missionais pregam a mensagem revelada por Cristo aos apóstolos de forma
contextualizada. Falaremos sobre a contextualização em um capitulo a parte.
A
partir do evangelho igrejas missionais encarnam a cultura ao qual está inserida,
vivendo como Cristo viveu, em ortodoxia
e ortopraxia.
Todavia,
uma igreja missional é antes de tudo uma comunidade de santos, e por santo
devemos entender que são aqueles que foram alcançados pelo poderoso evangelho
de Cristo que muda nossa cosmovisão.
Logo,
para ser uma verdadeira igreja missional não basta se moldar, mas exige uma
reflexão profunda sobre a cultura, para descobrir de forma criativa como
comunicar as práticas eclesiásticas que se adaptem a cultura, mas que também a
desafiem no que for contrario aos princípios sagrados. (KELLER, 2014, p.304).
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