segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

A plantação de igrejas missionais - Trabalho de conclusão de Curso.

1. IGREJA MISSIONAL

1.1 O que é uma igreja missional
          O termo missional tem sido amplamente usado no meio cristão atual, termo esse encontrado em literaturas cristãs, blogs cristãos, e tem até sido utilizado como nome para grandes conferências, ou seja, a palavra missional tem se tornado cada vez mais familiar à nossa cultura cristã evangélica. 
          Contudo, de onde surgiu e quando surgiu pela primeira vez esse termo missional. “A palavra missional foi usada pela primeira vez, com a conotação que temos hoje, em 1983, por Francis DuBose. (1983 apud COSTA, 2014, p. 21).
          Uma igreja missional é aquela que entende que o evangelho de Jesus Cristo é a mensagem atual para todos os tempos em que a humanidade transita, a igreja missional é uma igreja que aplica as verdades da velha mensagem da cruz com uma nova roupagem de proclamação como respostas para uma sociedade cética e secularizada.
          Ser uma igreja missional é entender que quando a velha mensagem da cruz é substituída por qualquer outro tipo de mensagem ela deixa de ser missional, pois, ser missional nada mais é que pregar o Cristo crucificado como fazia o apostolo Paulo pelas dezenas de cidades que passou.
          Costa (2014, p. 21) entende que a palavra missional é um termo mais elaborado e contextualizado para a palavra missionário, ser uma igreja missional é ser uma igreja em essência missionária, uma igreja missional é uma igreja que faz a missão porque fez dela um estilo de vida.
          Quando os membros de uma igreja compreendem seu propósito de vida como continuação da missio dei, eles passarão a viver o evangelho de forma integral, de maneira diária, e assim o evangelho será propagado e o nome de Cristo glorificado.
           “A palavra missional é entendida de modo diferente quando é usada para descrever a natureza da igreja. Na sua melhor definição missional descreve não uma atividade especifica da igreja, mas a própria essência e identidade da igreja”. (GOHEEN, 2014, p. 20).
          Então, uma igreja missional não é aquela que apenas realiza uma função evangelística ou cumpre eventos missionários da sua denominação em dias específicos e pré-determinados, o entendimento do termo missional vai além da ordenança da evangelização ou do cumprimento burocrático de um departamento.
          Uma igreja missional é a que tem em sua essência o kerigma do evangelho de Jesus Cristo, sendo essa proclamação um estilo de vida, o cristão que entende seu propósito como um discípulo de Jesus viverá uma vida missional em todos os lugares que estiver.  Conforme ensina Goheen (2014, p. 21) “[...] descrever uma igreja como missional significa definir a comunidade cristã inteira como um corpo enviado ao mundo e que existe não para si mesmo, mas para levar as boas-novas ao mundo”.

1.2 A igreja missional e a cultura
          Entendido que uma igreja missional é aquela que vive diariamente o evangelho nas ações e em suas palavras independente do local em que se encontra, temos que refletir na missionalidade da igreja como forma de criticidade em nosso cenário cultural.
          Uma igreja missional local é uma parte do corpo de Cristo que responde à luz das sagradas escrituras as perguntas que emanam dos clamores da sociedade em que está inserida. “A igreja é chamada a ser uma participante crítica em seu cenário cultural” (GOHEEN, 2014, p.21).
          Esse envolvimento da igreja nas esferas culturais é de suma importância para uma igreja missional, porque esse envolvimento na sociedade é o que chamamos de ser encarnacional, a exemplo de Jesus Cristo em sua encarnação como o verbo da vida em nosso mundo terreno. (STETZER, 2015, p.2012). 
          Então, missionalidade e encarnacionalidade são termos que devem caminhar juntos na proclamação da mensagem da cruz, missional quanto ao kerigma diário da velha mensagem da cruz em uma nova roupagem e encarnacional no aspecto mais profundo do envolvimento nos mais diversos cenários sociais.
          Nesse sentido Stetzer afirma que:
A igreja missional é encarnacional, e não atracional, em sua eclesiologia. Por encarnacional queremos dizer que ela não cria espaços santificados para os quais o não crente deve vir para ter um encontro com o evangelho. Pelo contrário, a igreja missional se antodesmonta e penetra pelas fissuras e fendas da sociedade para ser Cristo para aqueles que ainda não o conhecem. (2015, p.212).

              Neste estágio do capitulo devemos ter em mente que ser uma igreja missional é viver em seu dia-a-dia a prática da pregação do evangelho, não de forma superficial, mas de maneira encarnacional, ou seja, por meio de relacionamentos e amizades. É ser literalmente, a partir do evangelho, resposta aos que vivem nas tenebrosas duvidas existenciais.
          A igreja missional não cria elementos santos para que incrédulos se acheguem a eles, antes vai ao encontro desses para por meio da vida diária proclamar o evangelho diário que certamente penetrará o coração, e será resposta para o desespero que a depravação criou.
          A plantação de igrejas missionais tem crescido fortemente no Brasil. De tempos em tempos, igrejas surgem com a intensão de serem missionais, e isso é graça de Deus.
             Ed. Stetzer (2015, p. 15) diz que “estabelecer uma igreja missional significa plantar uma igreja que faz parte da cultura que você quer alcançar”. Isso quer dizer que a plantação de igrejas missionais apenas será de fato missional quando essas igrejas encarnarem na cultura local. Logo, uma igreja que se intitula missional, não pode viver alienada à cultura e aos temas em voga.
          Não poderia terminar este capitulo sem antes entrar no assunto da vida diária pautado por um evangelho integral. Se de fato desejamos ser uma igreja missional temos que fazer uma leitura mais cirúrgica da vida de Jesus na terra.
          Ao estudarmos os evangelhos percebermos uma integralidade na vida de Jesus, uma conexão entre teoria e prática, fala e ação, ortodoxia e ortopraxia, ou seja, na vida de Jesus vemos uma forma missional e encarnacional na proclamação das boas novas.
          Uma igreja missional é uma igreja que se importa primordialmente com conversões, ou seja, incrédulos sendo resgatados pelo poderoso evangelho de Jesus Cristo e sua obra de redenção na cruz.
          Em nosso contexto pós-moderno o relacionamento e a amizade tem sido uma arma poderosa para anunciar a Cristo.
          No aspecto missional e encarnacional de uma plantação não podemos nos iludir com os números. Igrejas missionais preocupam-se com o crescimento por meio de conversões e não por meio de transferências, não que isso seja ruim, mas igrejas missionais tem como principal objetivo alcançar novos corações para Cristo.
          Chester e Timmis (2013, p. 08) afirmam no livro Igreja Diária que: “Algumas igrejas predominantes crescem, mas muito desse crescimento é fruto de transferência e não de novas conversões”.
          Jesus foi o maior exemplo da prática missional, por onde passava, ele sempre encontrava um campo para a pregação das boas novas. Cristo encarnou-se na sociedade e pregou a todos os tipos de pessoas.
           Cristo viveu integralmente a proclamação do evangelho, ele estava nos campos, nos bosques, nas praças, pregava em barcos, debaixo de árvores, anunciava o reino por meio de relacionamentos quando se assentava à mesa no partilhar das refeições.
          O que uma igreja missional faz? Ela encontra as pessoas no contexto da vida diária. “Quando chamamos a igreja a uma missão diária, reconhecemos que isso é o que muitos cristãos já tem feito: sendo bons vizinhos, colegas, membros de família, fazendo o bem diante da hostilidade, testemunhando de Cristo no contexto da vida diária.” (CHESTER; TIMMIS, 2013, p. 09).
          Igrejas missionais pregam a mensagem revelada por Cristo aos apóstolos de forma contextualizada. Falaremos sobre a contextualização em um capitulo a parte.
          A partir do evangelho igrejas missionais encarnam a cultura ao qual está inserida, vivendo como Cristo viveu, em ortodoxia e ortopraxia.
          Todavia, uma igreja missional é antes de tudo uma comunidade de santos, e por santo devemos entender que são aqueles que foram alcançados pelo poderoso evangelho de Cristo que muda nossa cosmovisão.

          Logo, para ser uma verdadeira igreja missional não basta se moldar, mas exige uma reflexão profunda sobre a cultura, para descobrir de forma criativa como comunicar as práticas eclesiásticas que se adaptem a cultura, mas que também a desafiem no que for contrario aos princípios sagrados. (KELLER, 2014, p.304).

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