sábado, 30 de dezembro de 2017

Deus: revigore minhas mãos




Neemias quando soube que seu povo estava passando por dificuldades ao voltarem do exílio para Jerusalém se senta, chora, começa a orar e jejuar por eles. Porém, Neemias não fica apenas no aspecto da oração e jejum, ele se levanta como o “confortador”, e esse é o significado de seu nome em hebraico tiberiano (Nəḥemyāh).

O povo sofria e estava vulnerável, à cidade não tinha seus muros de proteção, o povo de Deus estava necessitado de trabalhadores para reconstruir seu lugar de habitação. O que eu e você podemos aprender com Neemias? Devemos ser confortadores na igreja de Cristo e não apenas consumidores. 

Neemias convoca outras pessoas para ajudar na reconstrução do muro, muitos foram, entretanto, outros se levantaram para atrapalhar o serviço. Quantos Sambalate, Tobias e Gesém não existem dentro das igrejas desejando atrapalhar o serviço daqueles que desejam apenas construir muros, edificar a igreja, ser martelo nas mãos do Deus todo poderoso? Neemias nos ensina a depender de Deus, e também agir na dependência dele.  O texto bíblico diz: “Nós, porém, oramos ao nosso Deus, e colocamos guardas para proteger-nos deles de dia e de noite” (Neemias 4.9). 

No serviço do Reino de Deus devemos ser totalmente dependentes dele, mas, devemos ser prudentes, não podemos ser ingênuos quanto aos Sambalate, Tobias e Gesém que tentarão nos impedir de edificar por meio de Jesus a sua igreja. Esses apenas falam, não contribuem com nada, são mexeriqueiros, faladores, e que pelas suas palavras tentam produzir descréditos aos servidores do Reino de Jesus: “O que esses fracos Judeus estão fazendo? Será que vão se fortalecer? (...) Mesmo que construam, uma só raposa derrubará esse muro de pedras” (Neemias 4.2-3). 

Aqueles que não desejam servir e apenas atrapalhar são insistentes, seu foco e objetivo não é a edificação do Reino de Cristo, mas de um reino particular, que possamos fazer igual à Neemias, não dar ouvidos, não perder tempo, temos muito trabalho a realizar na igreja de Jesus, façamos como fez Neemias: “Estou empenhado numa grande obra e não posso descer. Por que eu deveria parar e deixar a obra para encontrar-me convosco?” (Neemias 6.3). 

A pressão aumentou muito sobre Neemias e sobre o povo que estava reconstruindo os muros de Jerusalém, quando as pressões de 2018 vierem sobre você faça como Neemias: “Pois todos eles tentavam atemorizar-nos, dizendo: Eles vão abandonar a obra; ela não será concluída. Então pedi a Deus: Fortalece as minhas mãos!” (Neemias 6.9).

Sê forte e corajoso, 
Feliz 2018,
Feliz Ano Novo!

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Natal - Verbum dei

O Natal é a celebração do Verbo que se fez carne. A palavra de Deus que é Cristo, o Verbo, o Logos, veio habitar em meio aos homens. A causa da encarnação, morte e ressurreição de Jesus gira em volta do chamado da igreja para ser seu corpo místico nesta terra.

Cristo é a palavra pregada, e se ele é o evangelho e a boa notícia, qualquer coisa que se torne central em nossos cultos que não seja a palavra esvazia toda a significância de nossas reuniões. Porém, não é qualquer palavra, é a palavra de Deus, a Verbum dei, é a palavra que produz transformação, que revela o pecado, denuncia o erro, aponta o caminho, sinaliza a Cruz, mostra a graça, gera em Cristo a redenção e paz.

Igrejas cuja palavra é rasa, também não cumpre o papel em colocar as escrituras como centro do culto e da vida. Salomão o sábio disse: "Se vos converterdes pela minha repreensão, derramarei sobre vós o meu espírito e vos revelarei minhas palavras" (Pv 1.23). Salomão está dizendo que a repreensão por meio da palavra é que produz conversão, sabe porque "temos igrejas cheias de pessoas e pessoas vazias de Deus?" (A.W.Tozer), porque nossas palavras são vazias de repreensão, exortação, de chamado a uma profunda compreensão da nossa miserabilidade.

Após as palavras de repreensão, Salomão afirma que o Espírito de Deus seria derramado sobre os convertidos e assim receberiam a revelação das palavras. Sabe porque não há avivamento em nossas igrejas e na vida das pessoas? Porque as pregações são uma autoajuda (tipo coach), apenas de bênçãos, apenas com a intencionalidade de agregar.

A palavra pregada com fidelidade é o que gera vida, produz arrependimento e transforma sociedades. Foi a verdade pregada que fez Cristo ser perseguido, foi a verdade das escrituras que em Atos fez a igreja crescer. A missionalidade da igreja está intrinsecamente relacionada com a Palavra de Deus, a história nos mostra isso, "a palavra era pregada e Deus acrescentava".

Uma igreja que apresenta domingo após domingo mensagens que não alimenta é o mesmo que oferecer a graça barata ensinada por Dietrich Bonhoeffer:

"A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, é o batismo sem a disciplina de uma congregação, é a ceia do Senhor sem confissão de pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado".

Pregação sem perdão é a mensagem positiva, sem exortação. Batismo sem disciplina é a entrada desenfreada e sem zelo na comunhão da igreja local, a ceia sem confissão é a ceia ministrada sem ensinar aos membros sua importância, é a ministração meramente ritualística, a graça barata é um evangelho e uma caminhada cristã sem a cruz, sem a morte do eu, sem a renúncia dos desejos da carne.

Se você não leva a palavra de Deus a sério, neste Natal te convido a repensar e reorientar sua vida diante da palavra que se fez carne e morou entre nós, afinal, "O Natal é de carne e osso" (Antonio Carlos Costa). 
Comemore o Natal
Ame a Palavra
Leve as escrituras a sério.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Natividade - O Espírito se fez carne.



 “Porque um menino nos nasceu” (Isaías 9.6). O Natal é mais do que a celebração do nascimento, ele é a celebração da revelação, Cristo nasce como um menino, entretanto, ele existe desde os tempos eternos: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João 1.1).

 O Natal não é a celebração de um nascimento comum, o Deus eterno tocava em solo terreno, a eternidade beijava o tempo e descortinava a realidade invisível da relação trinitária para habitar em meio aos homens.

 O Natal produz um clima diferente (sem misticismos, apenas constatação) nas pessoas, elas são mais solicitas nessa época do ano, mais solidárias e abertas aos discursos espiritualistas de certa forma. Devemos compreender que o Natal é a celebração daquele que governa nossa história: “O governo está sobre os seus ombros” (Isaías 9.6), daquele que é o nosso conselheiro, e que maravilhoso conselheiro ele é, devemos celebrar no Natal não apenas um nascimento, não somente uma revelação, mas, nossa filiação por meio de Jesus em um “pai eterno”, e que nele existe a segurança no caos, ele é o nosso Deus forte.

 Sim, o Natal é a celebração do espírito que se fez carne, do Deus trino que veio se relacionar conosco. O Messias prometido chegou mostrando que as promessas de Deus se cumprem, ele veio como a luz que ilumina as trevas existências da humanidade. No Natal celebramos o caminho pelo qual nossas vidas são guiadas, a verdade que nos livra do engano e a vida que se entregou para O celebramos eternamente. 

 O Natal é a celebração conjunta dos Filhos de Deus, como bem disse R.C.Sproul: “É difícil acreditar em um Deus zangado por ver seu povo unido celebrando o nascimento de seu filho”.

Celebre o Natal.
Celebre a Cristo.
Comemore a Vida!

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

A geração dos afetos

Uma das grandes realidades de nosso tempo reside no fato de que as
pessoas supervalorizam os afetos. Os desejos internos do coração têm sido o
regente dos comportamentos e das ações de nossa geração. Vivemos em uma
geração que é amante de si mesma.

Paulo, escrevendo a Timóteo, em sua segunda carta mostra que o fim
dos tempos seriam difíceis, não devido as guerras, corrupções políticas, fome,
miséria, ou coisas do gênero. Paulo mostra que as dificuldades dos últimos
dias se dariam devido ao amor a si mesmo.

“Sabe, porém, que nos últimos dias haverá tempos difíceis; pois os homens
amarão a si mesmos” (2 Timóteo 3.1-2).
É interessante notar que em nossa geração, que denomino de geração
dos afetos, tudo gira em torno dos afetos, dos desejos, das vontades, em
última instância, do coração. Entretanto, uma geração que é guiada pelos
afetos é uma geração liquida, frágil, é uma geração que olha para dentro de si
tentando encontrar em si uma fonte que alimentará o sentido existencial e a
satisfação pessoal.
A geração dos afetos é perversa porque usa como direção da vida
unicamente os afetos pessoais, e quando nossos afetos são o regente da vida,
o próprio afeto se torna um ídolo. Ou seja, a geração dos afetos é ególatra,
pois idolatra a si própria, torna seus desejos o seu deus. Fomos ensinados e
ouvimos por muito tempo que devemos ter “amor próprio”, contudo, esse é um
termo que não é ensinado nas sagradas escrituras, a Bíblia não ensina que
você deve se amar e ter os seus afetos como guia da sua existência.
Pelo contrário, ela afirma que nosso coração, a fonte de nossos desejos
e o centro das nossas ações, é enganoso e não confiável. Talvez você se
pergunte: mas e o “Ame ao próximo como a ti mesmo”? Então eu tenho que me
amar, certo? Claro! Contudo, o amor com o qual você deve se amar não é o
que olha para dentro de si e percebe bondade, mas, antes, deve ser um amor
mediado pela pessoa de Jesus Cristo. Todo “amor próprio” alienado do amar a
Jesus em primeiro lugar com todo seu coração, força, e com toda a sua alma,
não é “amor próprio”, mas uma sabotagem a si mesmo. Você apenas ama o
próximo por amar antes a Cristo.

Em Romanos 3, a Bíblia nos mostra que não existe um homem justo
sequer, todos são depravados, pecadores, enganadores, por isso, não existe
“amor próprio” e por isso também que apenas amamos o outro quando antes
amamos a Jesus que nos capacita ao amor altruísta. Quando você ama a si
mesmo antes de amar a Jesus Cristo, na verdade você é um idólatra dos
afetos.

O que é a ganância? O desejo de satisfação através do dinheiro, mas, o
dinheiro não o satisfaz. Se você tivesse um carro e pudesse comprar um
helicóptero, compraria? E se pudesse ter um Jato? Não pensaria duas vezes.
O dinheiro não satisfaz, apenas produz uma falsa sensação de sentido.
O que é ser incapaz de perdoar? Um idolatra dos afetos, quando tem
seus desejos feridos, torna-se uma fera, um animal irracional. Já ouviu falar do
jovem que matou a namorada por ela ter pedido o fim do relacionamento?
A geração dos afetos é assim: perversa, ególatra, gananciosa, incapaz
de perdoar. Afinal, a lista de 2 Timóteo 3 tem dezoito características daqueles
que são amantes de si mesmos. Nesse sentido, quero chamar atenção a uma
dessas características: “mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus”. A
nossa geração não conhece a Deus e logo dele é inimiga porque usa a Palavra
de Deus não como a verdade absoluta, mas como uma questão de opinião,
não compreendem que a Palavra deve ser seguida, amam mais a si do que a
verdade de Cristo, mais seus afetos do que a Cruz de Cristo.

Os amantes de si mesmos não conhecem a Deus porque orientam sua
vida a partir de si ao invés de o fazerem pela verdade revelada pelo próprio
Deus. Não olham para a cruz, apenas para seu ventre, seu umbigo tem sido
seu deus e o coração o altar dos sacrifícios. Esses não entendem que a
satisfação apenas reside em Deus, pois somos a imagem e semelhança dele,
temos dentro de nós o sopro da trindade, fomos por ele e para ele criados.
CS Lewis afirma: “As criaturas não nascem com desejos que não
possam ser satisfeitos. Um bebê sente fome; pois bem, há uma coisa chamada
leite. Um patinho deseja nadar; pois bem, existe uma coisa chamada água. Os
homens sentem desejo sexual; pois bem, existe uma coisa chamada sexo. Se
encontro em mim um desejo que nenhuma experiência deste mundo pode
satisfazer, a explicação provável é que fui feito para um outro mundo. Se
nenhum dos prazeres terrenos o satisfaz, isso não prova que o universo seja
uma fraude. Provavelmente os prazeres deste mundo nunca foram destinados
a satisfazê-lo”.

A geração dos afetos resiste à verdade, pois ela desconstrói todo amor
próprio, a verdade diz que devemos negar a nós e carregar a cruz para assim
podermos seguir a Jesus. A verdade diz que devemos amar somente a Deus e
apenas a ele prestar culto. A verdade mostra que nossa vida deve ser
orientada a partir da sagrada escritura, afinal: “Inquieto está o nosso coração
enquanto não descansar em ti” (Agostinho).

A mensagem do evangelho é uma boa notícia que mostra nosso pecado,
erro e fragilidade, mas aponta para uma solução definitiva, a redenção em
Jesus, a reordenação dos afetos a partir da cruz. O evangelho é a mensagem
que revela a fonte que saciará nossa satisfação existencial, nossos desejos,anseios e afetos.
O evangelho aponta por meio da doutrina apostólica que
nosso procedimento deve ser pautado nos ensinos de Jesus. Paulo mostra
quem são os amantes de si mesmo, mas, revela que Timóteo é diferente: “Tu,
porém, tens observado a minha doutrina” (2 Timóteo 3.10). Reordenar o
coração à Cristo em meio a uma geração dos afetos é padecer perseguições,
basta tornar público seu repudio ao aborto, a prática homossexual e a não
concordância com a ideologia de gênero. Todos esses temas defendidos pela
geração dos afetos, dos amantes de si mesmos que tornam seus desejos o seu
deus.

Reordene seus afetos, centralize seu coração como altar a Jesus. Não
olhe para dentro de si como caminho para proceder nessa vida, antes, trilhe
pela estrada do evangelho carregando sua cruz. Creia na palavra, viva a
palavra, ame a palavra de Deus e faça parte ativamente de uma igreja local -
uma das marcas da geração perversa dos afetos é a falta de compromisso,
afinal, quem é regido pelos desejos é fiel somente naquilo que acredita lhe
beneficiar, os amantes de si mesmos não conseguem serem comprometidos
com aquilo que é necessário, mesmo que confronte seu conforto - Somente
assim seremos livres dessa perversa geração dos afetos.
“Toda a escritura é divinamente inspirada e proveitos para ensinar, para
repreender, para corrigir, para instruir em justiça; a fim de que o homem de
Deus tenha capacidade e pleno preparo para realizar toda boa obra” (2
Timóteo 3.16-17).

sábado, 5 de agosto de 2017

A liderança bíblica hoje



  Este texto é uma transcrição de um sermão ministrado em Julho de 2017 para um grupo de pastores, presbíteros e líderes de uma denominação em Brasília. Exposição feita com base no texto bíblico de 1 Pedro 5:1-4.

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 A sociedade é flexível, ou seja, de tempos em tempos a vida em conjunto muda. Antigamente a sociedade era em sua maioria ruralista, as mulheres acordavam e iam preparar a massa para fazer o pão enquanto os homens no curral retiravam o leite das vacas.

  Hoje, somos uma sociedade de maioria urbana, ou seja, acordamos ligamos uma maquina de café, pegamos o leite na geladeira, compramos o pão na padaria e vamos ao trabalho.

    O que isso tem haver com liderança eclesiástica? Tudo!

   Se você não consegue perceber a mudança da sociedade e consequentemente das pessoas que serão suas ovelhas você não vai conseguir lidera-las.

     Peguemos nosso melhor exemplo, Jesus Cristo, suas parábolas e seus ensinos, sempre era ligado ao contexto da sociedade da sua época. Ele liderava as pessoas da sua época e lhes falava de uma forma que elas entendiam.

I- Você não é superior

 Uma das grandes características que afastam as pessoas da igreja é o espirito de hierarquia. Devemos lembrar que a característica papal e clerical dentro da igreja é fruto da distorção teológica católica.

  O pastor e presbíteros não são em nada superiores aos membros da igreja; o que existe é apenas uma diferença de funções a serem realizadas dentro da igreja que é o corpo de Cristo. (Observe o verso 01)

  Outra questão muito importante, antes de pastor, presbítero ou um líder de algum ministério você é cristão. O oficio pastoral, presbiteral ou o cargo de liderança não pode definir sua identidade. Você está líder, mas a liderança não é sua identidade. (Quando o oficio ou o cargo define sua identidade, você não aceita que outra pessoa entre na liderança, ou lhe confronte).

  “Você é mais humilde e gentil quando pensa que a pessoa para quem você está ministrando é mais parecida com você do que diferente de você”. (Paul Tripp).

   Você líder, pastor ou presbítero é tão carente da graça quanto a sua ovelha ou seu liderado, na igreja de Jesus só tem uma cabeça superior a todos, aquele que se humilhou e se fez homem, Cristo.

  Seu conhecimento teológico não deve produzir sentimento de superioridade. O conhecimento teológico produz um falso pensar que somos mais maduros e sábios que o membro comum.

  “Maturidade não é meramente algo que você faz com sua mente. Não, maturidade tem a ver com o modo que você vive a sua vida. É possível ser um ótimo conhecedor da bíblia e necessitar de significativo crescimento espiritual”. (Paul Tripp).

II- “testemunha dos sofrimentos de Cristo”.

  A liderança de hoje não quer sofrer. Querem uma igreja pronta, não querem orar e como num passe de mágica desejam ver as pessoas entrando em suas igrejas, não querem gastar tempo ensinando, evangelizando, aconselhando, confrontando e consolando.

  O nosso modelo é o Cristo, servo sofredor. Se você é líder e não está disposto a sofrer pelo evangelho, não plante uma igreja, não seja um presbítero, não suba ao púlpito.

  A liderança eclesiástica é forjada no sofrimento. Paulo, veementemente instruiu 
Timóteo acerca do sofrimento, a liderança evangélica hoje se moldou ao tipo de chefia empresarial, apenas desejam sentar em seus gabinetes e darem ordens, isso não é a liderança bíblica.

  Observe o texto bíblico: “Testemunha dos sofrimentos de Cristo e participante da glória que será revelada”. Muitos líderes querem apenas a segunda parte.

  Você pode sofrer pela causa do evangelho, ou por causa dos problemas que você como pastor e líder produz.

  Muitas igrejas não crescem porque não existe devoção na vida da liderança. Deus usa pessoas cheias do seu Espirito Santo. O pecado cega e muitas vezes a liderança torna-se cega para com seu pecado por causa do costume com o sagrado.

            *Não lê a bíblia como devocional e alimento para sua alma.
            *Lê a bíblia apenas para montar estudos e pregações.  
        *Não sente prazer e alegria em meditar na lei do Senhor, isso se tornou algo mecânico.

  Sem uma espiritualidade real, a liderança de uma igreja vai sofrer, mas não como testemunha de Cristo, e sim, devido à letargia espiritual. O sofrimento que Deus permite é instrumento para nos levar sempre a devoção.
             
III- “não por obrigação”.

  Obrigação está ligada a profissão e o serviço à devoção voluntária e amorosa. Todos vão trabalhar mesmo em dias que não desejam isso é obrigação. Sofremos pelo reino não porque queremos, mas porque amamos o chamado de Deus a nós.
          
  Não existe nada mais perigoso para uma liderança eclesiástica do que estar cumprindo a tarefa na igreja sem entusiasmo e espontaneidade. A obrigação profissionaliza a vocação pastoral e o chamado ao serviço no reino.
             
  Quando vivemos no reino por obrigação (religiosidade) perdemos a reverência a Deus. Perder a reverência a Deus reside em fazer as coisas por ‘obrigação’ e não por amor.
             
   “Você parou de observar e, em sua falha em ver, você deixou de ser motivado e agradecido. A beleza que uma vez o atraiu ainda está para ser vista, mas você não a vê e não pode celebrar o que não consegue ver”. (Paul Tripp).
    
    Isso é fruto do acostumar-se com o sagrado e acostumar-se com o sagrado é perder o gozo, alegria de estar na presença de Deus. Quando nos acostumamos com o sagrado, perdemos a reverência, pois, o sagrado deve sempre produzir temor em meu coração, deve sempre me lembrar da grandeza de Deus e da minha miserabilidade.

   Lideres que perdem a reverencia a Deus, passam a cumprir um ministério para si mesmo.

  Sem reverencia você não consegue cumprir seu ministério “espontaneamente, segundo a vontade de Deus”. Percebe? A liderança saudável cumpre seu papel de forma espontânea em amor e segundo a vontade de Deus, mas como fazer isso sem reverência, como realizar isso sem devoção?

“Reverência a Deus deve ser a razão para eu tratar a minha esposa do modo como trato e exercer minha paternidade com meus filhos da maneira como o faço. Ela deve ser a razão para eu atuar do jeito que atuo em meu trabalho ou para lidar com minhas finanças do modo como lido. Ela deve estruturar a forma como penso sobre a possessão física e pessoal de poder. A reverência a Deus deve moldar e motivar o meu relacionamento com minha família e meus vizinhos. A reverência a Deus deve dar a orientação quanto à maneira como eu vivo como cidadão da comunidade mais ampla”. (Paul tripp)

IV- “Nem como dominadores”

 Muitas vezes agimos como dominadores sobre as ovelhas de Cristo sem nem percebermos isso.
  
  Autoridade com humildade prontamente será reconhecida pela igreja, autoridade não é algo que conquistamos, mas é algo que recebemos das pessoas. Naturalmente a igreja reconhece sua autoridade, quando a liderança não é dominadora.

 “Um dos erros frequentemente cometidos por nós cristãos é que aprendemos a repreender como Jesus, mas não a amar como Jesus”. (Joshua Harris).

  Liderar sem dominar é liderar com humildade, e humildade não é algo que faz parte de quem eu sou pela minha capacidade, mas é fruto de uma vida de devoção a Cristo. Muitos líderes tentam em sua força ser humilde.

  Dominar é fruto da vocação por obrigação, sem humildade, sem devoção.

 “Os cristãos são humildes porque seu conhecimento da verdade não é baseado em sua própria inteligência, estudos ou perspicácia. Pelo contrário, seu entendimento é cem por cento dependente da graça de Deus”. (Joshua Harris).

  Agimos como dominadores sobre as ovelhas de Cristo e sobre nossos liderados quando pensamos que por nosso oficio pastoral, ou cargo de liderança somos superiores a eles, afinal, somos nós quem lhes ensinamos as doutrinas bíblicas não é?

  Não somos nós quem ensina as verdades ao povo de Deus, é o próprio Deus por meio de sua palavra, nós apenas reproduzimos aquilo que a palavra diz. Você quer que sua igreja cresça? Pregue a palavra.

  Não ser dominador é ter claro em sua mente que TODOS nós somos dependentes da graça de Cristo, pensar diferente te levará a ser um dominador, pois, você se achará mais espiritual que o outro.

 “Passamos do limite quando estamos mais focados em dominar tudo que diz respeito à teologia do que em ser dominados por Cristo” (Joshua Harris)

  O pastor se torna um dominador quando ele tenta liderar um grupo de pessoas que não acredita em seus projetos ministeriais, e então, para tentar fazer dar certo ele começa a dominar, mas ele não percebe que isso só piora sua liderança e o crescimento da sua igreja, afinal, quando ele domina é porque ele fez da liderança sua identidade, algo como seu e não do Senhor.
  
  O pastor que domina sua igreja é ególatra, tem sentimento de grandeza própria, tem orgulho de si mesmo, acredita que tudo que dá certo apenas dá por causa da sua pessoa e do seu esforço.

  “Eu plantei, Apolo regou; mas foi Deus quem deu o crescimento” (1 Coríntios 3:6)

  O dominador não reconhece a necessidade da graça, Paulo reconheceu que foi Cristo quem fez a igreja de corinto crescer, e Paulo por ser um servo da igreja e não dominador não teve problema algum em reconhecer o bem dos ensinos de Apolo à igreja que ele fundou.

  O pastor dominador nas palavras de Samuel costa: “Amam os primeiros lugares e odeiam quando outros ameaçam tirar-lhe o lugar que julgam ser-lhes cativo e eterno”.
           
  O pastor e líder dominador é o oposto do humilde e servo, o dominador tem a síndrome de celebridade, e busca a glória própria.

“Ela fará de você alguém com quem é difícil trabalhar e será quase impossível para as pessoas mais próximas a você ajuda-lo a ver que você se tornou difícil. Ela o levará a se cercar de pessoas que, frequentemente, dizem sim e, frequentemente estão prontas a concordar. Ela o deixará espiritualmente insensato e moralmente desprotegido. E tudo isso acontecerá sem que você note porque você permanecera convencido de que está perfeitamente bem. Quando confrontado, você se lembrará da sua glória. Quando questionado, defenderá sua glória. Você negará sua cumplicidade em problemas e sua participação em fracassos. Você terá muito mais habilidade em atribuir culpa do que em participar da culpa. Você será melhor em controlar do que em servir. Você constantemente confundirá ser um embaixador com ser um rei”. (Paul Tripp)

Conclusão: “mas servindo de exemplo ao rebanho”

 O sentimento que houve em Jesus foi que seu reino seria estabelecido pela humildade e serviço, não tem como ser pastor, líder e lutar pelo evangelho sem humildade e sem servir ao próximo.

 Jesus se esvaziou porque ele é Deus (Kenosis). Eu e você não nos esvaziamos, não há do que se esvaziar, somos pecadores, falhos, não temos poder e nem glória. Somos vasos de Barro, Cristo não, ele é glorioso, poderoso, santo.

“A forma de homem está em todos os homens por natureza, mas a forma de servo o homem só alcança através da obediência”. Jonas Madureira.

Desejas ser um bom líder? Apenas sirva!