A pergunta sobre o sentido ou origem da raça humana perpassa séculos, diversas teorias foram elaboradas com o desejo de sanar ou ao menos refletir sobre esse tema tão complexo, profundo e antigo, o homem (aqui não como gênero).
Podemos pensar no ser humano como uma máquina, que é uma perspectiva do ser humano como uma "máquina de trabalho", nessa linha de pensamento o homem é tratado apenas e com base naquilo que ele pode produzir, isso é muito comum dentro das empresas e nas relações de negócios, o homem apenas como mão de obra. A grande incoerência do pensar no homem (sentido e origem) como um ser que existe para o trabalho ou para o serviço é negar todas as outras dimensões inerentes à raça humana e que não pode ser negada devido as experiências que como homens vivemos.
"Nessa abordagem, os seres humanos são vistos basicamente como coisas ou
meios para algum fim em si mesmo. Eles têm valor enquanto são úteis.
Podem ser movimentados como peças em um jogo de xadrez".
(Millard J. Erickson)
Na psicologia behaviorista é defendido o conceito do ser humano como um animal, ou seja, a motivação humana é abarcada pelos seus impulsos biológicos, o comportamento humano e as explicações sobre identidade, origem e forma comportamental é explicada ou se assemelha aos processos empíricos ao qual seres animais são submetidos para analise.. Um exemplo claro é o famoso caso do cachorro de Pavlov que aprendeu a salivar quando ouvia a campainha soar. A grande incoerência do homem como um animal é a negação da intelectualidade, capacidade cognitiva e a parte emotiva inerente a raça humana.
Sigmund Freud considerava a sexualidade como o enigma para a interpretação do o que é o ser humano, em suas teorias Freud falou sobre o ID, EGO e SUPEREGO, partes que compõe em sua visão o entendimento acerca do ser humano. Na teoria elaborada por Freud ele parte do pressuposto que o libido sexual é o que realmente move o ser humano e para entende-lo, o libido sexual deveria ser compreendido como "a mola propulsora" de toda raça humana. Para Freud a restrição da busca pelo libido sexual acarretaria em diversas frustrações. A incoerência dessa linha de pensamento reside no fato que o saciar do libido sexual deve gerar uma liberdade irrestrita ao homem, o estado (esfera pública), e os pais (esfera familiar) não podem restringir o saciamento do libido porque para Freud o saciar sexual é a raiz que traz significado, contudo, isso geraria uma catástrofe e um choque social, afinal, homem algum sobrevive sozinho.
A história da humanidade mostra claramente o desejo humano em buscar sentido ou resposta para "o que é o ser humano" na esfera econômica, e existem aqueles que defendem que o sentido da existência reside na obtenção de bens materiais, ou seja, tendo uma casa, um carro, um bom emprego o homem atingiu o seu objetivo. Os defensores de tal pensamento, do homem como um ser econômico, defende a linha do materialismo dialético, ou seja, do homem buscando nas estruturas econômicas o sentido ou resposta do "o que é o ser humano".
"Primeiro veio a escravidão, um detinha toda a riqueza, depois veio o feudalismo,
relações entre os feudais e os suseranos, uma relação desigual. Em seguida,
surge o capitalismo onde uma classe domina e outra é a mão de obra (paga).
E finalmente chegará um tempo onde não haverá propriedade privada,
ficando tudo nas mãos do estado, e o temido abismo econômico sucumbira".
(Millard J. Erickson)
Dentro da esfera cientifica o que é o ser humano tem sido respondido pela ótica do homem como "um peão do universo". Bertrand Russel expressa com clareza o que os adeptos do homem como uma "criação do universo" é:
"Afirmo que o homem é o produto de causas cujo fim a ser alcançado não foi previsto; que sua origem, seu crescimento, suas esperanças e temores, seus amores e suas crenças são apenas resultados de agrupamento acidentais de átomos; que nenhum fogo, nenhum heroísmo, nenhuma intensidade de pensamentos e sentimentos pode preservar a vida de um individuo além do túmulo".
Na esfera cientifica, o ser humano é apenas um conjunto de átomo, uma causa acidental do universo, logo, pensar sobre sentido, existência ou finalidade parece não apropriado nessa vertente de pensamento, pois aquilo que é acidental e não proposital, talvez, finalidade alguma tenha.
O que é o ser humano? Alguns pensadores modernos, principalmente após a era iluminismo, sugere o ser humano como uma pessoa livre, e aí nessa linha encaixa-se perfeitamente o sentido do antropocentrismo. A liberdade como essencial da raça humana implica em que o ser humano atinge a mais perfeita condição quando ele autodetermina seu próprio sentido. Ou seja, essa linha defende que a interpretação para "o que é o ser humano" reside dentro dele próprio e não fora.
Willian Ernest Henley em seu poema "invictus" descreve a linha de pensamento do homem como um ser livre:
Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por minh´alma insubjugável agradeço. [...]
Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante da minha alma.
Antes de falar sobre a visão cristã como resposta do "o que é o ser humano", falta pensarmos sobre a linha do homem como um ser estritamente social, fruto das suas relações, resultado dos vínculos com outras pessoas. Essa linha defende que o ser humano deve buscar no seu semelhante as respostas para as perguntas existenciais. Ao passo que a linha do homem livre deve buscar em si as respostas para suas indagações mais profundas, o homem como ser social deve buscar não nele, mas no outro e as relações são os meios para isso, as respostas para suas duvidas mais profundas. A incoerência reside em buscar no semelhante respostas sobre quem eles são, ou seja, o que é o ser humano? Tal resposta não pode se encontrada no próximo semelhante, afinal, a indagação repousa sobre ele também como integrante da raça humana como um todo.
O que é fé cristã tem a falar sobre "o que é o ser humano"? A bíblia sagrada nos afirma que o homem é a imagem e semelhança do Deus que os criou, a palavra de Deus trata o ser humano em todas as suas composições, porém, de forma primária "o que é o ser humano"? Imagem e semelhança da trindade (Deus Pai, Filho e Espirito Santo).
A fé cristã trata do homem como um ser humano criado para o trabalho, nos primórdios na pessoa de Adão pelo cultivo do jardim, trata o homem como um ser biológico e obvio composto por impulsos naturais, a fé cristã compreende o homem como um ser sexual, onde o libido sexual existe, porém, manifestado de forma contida e circunscrito as normas divinas. A palavra de Deus em diversos momentos reconhece o homem como um ser econômico, não em sua primordialidade, mas como característica secundaria a sua existência.
A fé cristã pautada na pessoa de Jesus Cristo entende o homem como um ser composto por células, átomos, e infinidades de elementos estudados pela ciência, mas esse não é o fim do sentido humano, é apenas um meio usado por Deus para traze-los a existência. A fé cristã reconhece o homem como um ser que é dotado de escolhas, com suas respectivas consequências, contudo, um ser livre dentro da liberdade determinada por Deus (assim como Adão e Eva eram livres dentro dos limites dados por Deus, como não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal). O Deus trino, um ser pessoal e relacional, reconhece a necessidade do homem em se relacionar uns com os outros, pois ser imagem de Deus é ser relacional.
"O que é o ser humano" não reside no trabalho (homem como máquina), não reside nos impulsos biológicos (homem como animal), não reside no saciar do libido sexual (teoria de Freud), não reside no aspecto econômico do tenho logo sou, não reside no pensamento do homem como acaso cósmico, não encontra-se na liberdade do homem como um ser livre procurando no objeto de análise a resposta e muito menos no próximo (homem como ser social).
A fé cristã trata do homem em todos esses aspectos como já dito, contudo, todas essas linhas para a fé cristã são linhas secundarias, para aqueles que depositam fé em Jesus, o filho de Deus, a resposta do "o que é o ser humano", está no fato que em certo momento da eternidade, Deus pai olha para Deus Filho e em harmonia com o Deus Espirito Santo um diz ao outro:
"Façamos o homem conforme a nossa imagem, conforme a nossa semelhança...". (Gn 1.26). Com isso termino dizendo que é impossível ao homem responder quem ele é, o sentido de sua existência, e o destino final de sua vida, se antes, ele não parar e compreender que para se conhecer é preciso primeiro conhecer aquele que os criou conforme a sua imagem.

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